Trabalhar por amor
Dois meses depois de ter terminado a licenciatura em Serviço Social, e já com outra licenciatura em Educação Social e um mestrado em Ciências da Educação concluídos em 2009 e 2011, respetivamente, estou mais perto de conseguir digerir todo o impacto destas três formações na minha vida (profissional). Primeiro uma nota para relembrar que durante o processo de aquisição de saberes tive sempre presente que o conhecimento não ocupa lugar. Segunda nota prende-se com a vontade de aprender mais, pois creio neste propósito enquanto concorrente para uma prática profissional mais reflexiva e claramente mais consciencializadora.
Alguns/Algumas colegas consideram-me um traidor, outros/as acreditam convictamente que sou um desvirtuador da essência da Educação Social ou do Serviço Social, no limite existe quem considere que não sou uma coisa nem outra. Pois bem, descansem os/as colegas mais conhecedores/as de ambas as profissões porque em abono da verdade eu não poderei escolher entre uma ou outra, porque sou mestiço. Sou tantas identidades profissionais quantas me apetecer ser, afinal gravitar em mais de um mundo profissional é mais desafiante/aliciante do que viver preso a unilateralismos castradores e retrogradas.
Estou profundamente confiante desta tomada de decisão. Sabem porquê? Porque sou uma pessoa que, para além das habilitações necessárias para o desempenho profissional, amo aquilo que faço. Nem nos meus dias menos bons deixei de me comprometer para com a vida das pessoas mais velhas. Em cada conversa, em cada gesto, em cada projecto/atividade imprimi a dose máxima de empenho, brio, profissionalismo e alegria capaz de conferir aos envelhecentes agradáveis e prazerosos momentos (ainda que nalguns casos a memória, ou falta dela, lhes roube o sabor desses momentos).
Todos podem ter a sua opinião – fruto da demagogia, da libertinagem, tecnologia, preguiça – algumas vezes maliciosa, injusta e, em casos limite destrutiva, mas nunca me roubarão o que aprendi com sangue-suor-lágrimas e a paixão numa das maiores façanhas de quem ama o que faz em educação sénior: reinventar, despertar, redescobrir e desbloquear a emoção, a cognição e a ação das PESSOAS IDOSAS.
É disto que falo quando penso na educação em prol de um envelhecimento mais positivo, mais digno e mais feliz!
|foto: paulo madeira|