DESENVOLVER ATIVIDADES “SIMPLES” PODEM NÃO SE VER, MAS SENTEM-SE
Foi no primeiro de janeiro de 2009 que Prof. Dr. Joaquim Parra Marujo à época coordenador da licenciatura de Gerontologia Social na Escola Superior de Educação João de Deus (Lisboa) cedeu uma entrevista ao Jornal de Notícias[1] onde advogou que “o envelhecimento começa na barriga da mãe e parte do paradigma de que, mais do que os imperativos biológicos, o que faz as pessoas sentirem-se idosas é o discurso social de que se está velho e que, portanto, já não se é capaz nem vale a pena continuar a ter uma vida com qualidade".
Como subtítulo da notícia consta “Travar a perda de capacidades físicas e cognitivas associadas ao envelhecimento não exige meios sofisticados e caros. Há estratégias simples que podem ajudar a melhorar muito a qualidade de vida dos mais velhos”. Para isso este docente deixa algumas dicas: ler em voz alta, interpretar textos, fazer contas e escrever diários.
Tal como este cientista, também Ryuta Kawashima[2], neurocientista japonês, provou que é através do cálculo e da leitura em voz alta que mais zonas do cérebro são estimuladas.
Ou seja, não são necessárias tecnologias de ponta nem atividades demasiadamente fantásticas. Em bom rigor a espetacularidade das atividades e exteriorização das mesmas só servem para encher os olhos e os egos daqueles que não reconhecem valor nas pequenas e simples coisas que se podem levar a cabo junto dos idosos.
De modo a que as actividades tenham o efeito pretendido e não se tornem um desserviço não precisam de brilhantes, plumas, palhaços e outras tantas acrobacias que só confundem e iludem.
Precisam sim de serem planeadas devidamente tendo por base as potencialidades e necessidades dos intervenientes, executadas de forma profissional e clara, e avaliadas por forma a ajustar detalhes que tenham ficado menos claros no desenvolvimento da actividade.
Se para proporcionar condições a um envelhecimento digno, positivo e feliz for necessário desenvolver ações menos complexas que seja!
Se para proporcionar condições a um envelhecimento digno, positivo e feliz for necessário criar ações menos/nada espalhafatosas que seja!
Se para proporcionar condições a um envelhecimento digno, positivo e feliz for necessário “apenas” estar ao lado de alguém a escutá-lo/a que seja!
Se…Se…Se…Se… que seja!
Por isso, (re)criar coisas simples em formato de atividade e programas de educação na senioridade permitirá - na grande maioria das vezes - fazer a diferença e um serviço de qualidade quando falamos, por exemplo, em idosos institucionalizados.
[1] Fonte: https://www.jn.pt/sociedade/interior/retardar-o-envelhecimento-com-ler-escrever-e-contar-1377170.html?id=1377170
[2] KAWASHIMA, Ryuta (sd). “Train Your Brain – Treino o seu cérebro. Lisboa, Sebenta