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«ATIVIDADE» É DIFERENTE DE «ATIVAÇÃO»

Dir-me-ão, «atividade» e «ativação» é a mesma coisa. Nada mais errado! Não se trata de uma questão de semântica, mas sim de termos que estão nos antípodas dum significado semelhante.


Quando nos focamos na promoção de ações em intervenção social capazes de envolver e implicar os seniores, ou seja, em ações centradas no superior interesse do idoso onde é privilegiada a interação entre as experiências dos indivíduos idosos, os seus significados acerca do envelhecimento, e as suas estruturas sociais, ambientais, políticos e culturais, estamos claramente a falar de «ativação», na medida em que o idoso (nas suas variáveis axiológicas e op


inativas) deve ser o elemento central. Por outro lado, quando falamos de ações idealizadas em sede de gabinete por profissionais incapazes de auscultar os idosos e defensores da máxima “para os idosos qualquer coisa basta!”, estamos a falar de «atividades», «atividades» sinónimo do verbo “encher” onde o vazio de sentido e a ausência de significado são abissais.


Na «ativação» a proximidade de carácter relacional é o pilar que sustenta uma ação que se pretende coletiva e sistémica. Na «atividade» a ação unilateral, por norma protagonizada pelos profissionais, asfixia as potencialidades, desejos, talentos e características de cada idoso e do grupo do qual este faz parte.


Práticas de realização significativa para os idosos são aquelas onde estes são incluídos e valorizados. Em contextos residenciais, comummente designados de Lares de Idosos, estas práticas pressupõem a construção de um projeto de vida em instituição e que passa, por exemplo, por incorporar as suas escolhas, opiniões, preocupações, expetativas, preferências e interesses na definição de atividades por si a desenvolver não somente nas atividades socioeducativas, mas também nas atividades de vida diária (AVD’s). .


Naturalizar a segunda opção, a modalidade «atividades», é perigosamente mais fácil, a par de ser assustador, pois será esse o modelo que iremos colher quando chegarmos a velhos. A primeira opção é claramente mais trabalhosa, audaciosa e diferenciadora, e será essa, parece-me, que fará dos nossos idosos pessoas mais felizes, e, por certo, quando chegarmos a velhos queremos que seja esse o modelo que queremos que esteja em vigor.


Continuar-me-ão a dizer que se trata de epítetos labirínticos, jogos de palavras, brincadeiras lisonjeiras de más práticas. Para alguns sim, para outros tratar-se-á de respeito e dignidade humana. Esta última, por certo, será a forma como queremos desenhar e que desenhem o nosso futuro.


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