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A EXPERIÊNCIA DE QUEM DEFENDE QUE OS IDOSOS SÃO PESSOAS


Vivemos tempos especialmente excecionais. Tempos de medidas perfeitamente louváveis pela sua natureza de antevisão e em defesa da vida, ou, em oposição, tempos de medidas paliativas, curativas, avulsas e sem consistência profundamente fantasiosas que roçam no crime de negligência e desrespeito, neste caso em particular pelas Pessoas (idosas). Sim, porque é de Pessoas que falamos.


A história recente provou-vos quão valiosas são as respostas sociais verdadeiramente implicadas naquilo que é o Envelhecimento Ativo e Saudável (EAS). Um construto abrangente capaz de incluir no seu interior muito mais do que “entreter” e “ocupar” as Pessoas que experienciam a velhice. O EAS pressupõe (re)desenhar vias de abordagem do envelhecimento, na maioria dos casos castradoras e paternalistas, e explorar o potencial e o capital de sabedoria das Pessoas idosas (porque os idosos são Pessoas). Deste conceito, há a acrescentar, por exemplo, a excelência de ações mais humanistas e profundamente comprometidas com o facto de os idosos serem Pessoas.


É num quadro de promoção do EAS, de prevenção e projeção de potenciais riscos associados à rápida propagação do novo coronavírus que a Santa Casa da Misericórdia de Leiria (SCMLeiria) atuou e atua. Face a um eminente colapso de respostas que se querem viradas para o progresso, foram tomadas medidas rigorosas e consentâneas com a confiança que os beneficiários depositam diariamente numa instituição secular.


Apesar do tempo (ou falta dele) em contextos de pandemia ser sempre inimigo de medidas razoáveis e lógicas, o objetivo da SCMLeiria sempre foi garantir o bem-estar, a saúde, a segurança e a vida das Pessoas, em particular nas Estruturas Residenciais para Idosos. Desta forma, urgia uma primeira necessidade: dar a conhecer aos idosos a realidade atual. Assim, no Lar Nossa Senhora da Encarnação (LNSE), foram levadas a cabo Comissões de Residentes que tiveram como principal objetivo formar e explicar aos idosos o que se estava a passar, num mundo que também lhes pertence (porque os idosos são Pessoas), bem como serenar a ansiedade própria destes momentos e fazer dos idosos co-designers das medidas tomadas pela SCMLeiria (porque os idosos são Pessoas). Algumas das medidas mais expressivas tomadas por esta organização centraram-se no fecho de circuitos, suprimindo quaisquer entradas e saídas (vejam-se: idosos, familiares e colaboradores externos). Apesar do desafio que uma medida desta natureza acarretava, orgulhamo-nos de até à presente data, reunindo esforços para que assim se mantenha, não existir qualquer caso positivo de COVID-19.


A destacar que dos condicionamentos advindos da ausência de familiares no LNSE foram criadas alternativas à comunicação usando e abusado das tecnologias. Em simultâneo, desenvolvem-se ações socioeducativas virtuais, como por exemplo sessões de mediação de leitura e sessões de treino cognitivo fundamentais ao equilíbrio e regulação emocional dos idosos (porque os idosos são Pessoas).


De todo o resto desenvolvido na SCMLeiria, em particular no LNSE, há a acrescentar a honra que sinto pela bravura de Pessoas tão singulares com quem trabalho que diariamente provam a fibra de que são constituídas, da clarividência das medidas tomadas nos locais e momentos certos, e da força e sentido de responsabilidade tão especial que faz mover as Pessoas (idosas) que confiam na SCMLeiria.


Artigo de opinião publicado na 9º edição do Jornal da Santa Casa da Misericórdia de Leiria (Portugal), junto com o Jornal de Leiria de 30 de abril/2020.


SAIBA + EM

http://www.misericordiadeleiria.pt/upload/JornalSCML9E.pdf?fbclid=IwAR1hVkgMkLnp9Qq4guH6MWsWcrAgWVXtSZwadX0jpYT9v795NGD7vCo-LL8


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